A dor e a alegria

Nos dias atuais parece ter virado senso comum o profundo convivío da dor e a alegria. Talvez a dor e alegria tenham sempre sido companheiras, a questao é que o mundo atual se tornou pequeno ou talvez eu que não consigo ignorar os outros que vivem ao meu redor. E ao meu redor, eu quero dizer, não o vizinho do lado que na noite passada insistiu em não deixar ninguem dormir, mas falo dos meus irmãos paulistas, mineiros, gaúchos, argentinos, venezuelanos, árabes, chineses, americanos, paulistas, africanos e dos mais distantes rincões do planeta que a internet e a televisão insistem em mantê-los todos dentro da minha casa.

Quanto mais olho, quanto mais sinto é a dor e a alegria que vejo e sinto. Às vezes me pego perdido em devaneios pensando no sofrimento dos meus irmãos somalianos, africanos, etíopes e tantos outros mesmo aqui bem da esquina de casa passando fome, frio e todos os tipos de dificuldade. E as vezes, somente as vezes, também fico visualizando a dor e a alegria do ócio, e refletindo se a dor e a alegria é maior naqueles que possui  o prazer do ócio ou se naqueles que tem na vida uma batalha pela sobrevivência.

A dor e a alegria pode estar em um barraco de taipas, e pode estar em um palácio. A dor e alegria pode estar em um coração de um homem rico, como no coração e de um homem pobre. Sendo assim, é que me pondo a pensar fico imaginando se a questão não é forma que enfrentamos a dor, o sofrimento, a alegria e a "felicidade"?

Tenho um exemplo que considero digno na atualidade. A forma como o Vice-Presidente José Alencar enfrenta a doença que corrói-lhe a vida. De forma altaneira, tem sido um exemplo para os milhões de doentes mundo a fora, e, o melhor, tem aprendido com a própria doença, e tem utilizado este aprendizado para se doar, lutar por melhorias no sistema público de saúde e sensibilizar os empresãrios a cuidar melhor dos seus trabalhadores. Eis um homem digno, um verdadeiro cidadão, um  homem cuja história discreta ficará para posteridade. Eu não tenho dúvida de que muitos brasileiros que apoiamo o Lula e o Governo Lula, o fazem pela grandeza do seu vice José de Alencar.

José de Alencar e um exemplo de como viver feliz no sofrimento, na dor, e na opulência. Sabe se resignar aquilo que o seu dinheiro pode fazer, não reclama, não é pessimista, e apenas deseja que todos pudessem ter acesso aos tratamentos que ele mesmo tem para poder pelo menos aliviar a dor que sente. Sentindo a sua dor não esquece da dor dos que sofrem de forma mais perversa e mais dolorida.

Enquanto isso, é possível imaginar a dor e o sofrimento dos bastidores dos deputados que são pegos de calças curtas em Brasília. Quantas entrevistas já vi onde lamentam a falta de sorte, onde tentam dizer que não existe ninguém melhor do que eles, apenas por que foram flagrados e responsabilizados pelos próprios atos. São homens que sequer sabem viver a própria dor que escolhem.

A dor e a alegria são os grandes professores da humanidade. Quem saberá aprender a lição diária? Oh dor e alegria nossa de cada dia.